Páginas

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quantas Nossas Senhoras exitem?

(Nossa Senhora da Piedade, venerada no santuário do mesmo nome na Vila de Sanfins do Douro, terra onde nasceu o Jesuíta Padre Manuel da Nóbrega, na Diocese de Vila Real, cuja imagem pesa mais de 900kg)



Nossa Senhora da Conceição venerada no Santuário do mesmo nome em Vila Viçosa



O meu antigo pároco (pessoa que me marcou muito pela positiva) um dia contou-me um caso que a nós, tradicionalistas, parece insólito: como é que alguém pode dizer que existem tantas nossas senhoras? Ora acontece que estando um sacerdote na sua paroquial, uma senhora chega ao pé dele e pergunta-lhe: (é mais ou menos assim, não tenho bem presente as palavras exactas mas o sentido é esse)

- Sr. Padre, aqui há alguma imagem de Nossa Senhora da Conceição?
- Não - repondeu o sacerdote, mas pode dirigir-se ao altar de Nossa Senhora de Fátima.
- Não pode ser, Sr. Padre, tem de ser no da Senhora da da Conceição.
- Mas porquê?
- Porque tenho uma promessa para pagar e é só com Ela.
- Mas se Nossa Senhora só há uma, pode fazê-lo no altar de Nossa Senhora de Fátima.»

A história não ficou por aqui, como é claro e acabou com um sermão do sacerdote sobre a Virgem Maria. Outro exemplo, mais esclarecedor, passou-se comigo. Estava na esplanada de um café com uma prima afastada e com a minha Mãe quando, a certo momento, se começou a falar da festa de Nossa Senhora da Piedade e em Nossa Senhora. Aquilo que mais me irritou, e juro que fiquei chateado, foi ouvir a minha mãe dizer que «tinha mais fé na Nossa Senhora de Fátima que na Senhora da Piedade» (venerada num Santuário, em Sanfins do Douro e em geral pelos durienses), porque esta última nunca ouviu as suas orações.

Tudo isto veio-me à memória com um comentário que li no "Tradição Católica" e que me pôs a pensar. Cito:« Gostaria de saber, se não for demasiado particular, donde vem o seu tão grande amor à Virgem de Guadalupe, e não à Nossa Senhora de Fátima, por exemplo, como se poderia esperar de uma portuguesa?» (Ricardo) Certamente que não era isso o que Ricardo queria dizer mas devia ter dito de outra forma porque isso pode induzir a erro: «Porque invoca Nossa Senhora como Virgem de Gaudalupe e não como Nossa Senhora de Fátima?». Assim seria mais correcto.

O protestantes também fazem perguntas semelhantes, na busca da verdade, e outras como «porque é que os Católicos adoram tantas virgens? Porque é que dizemos que Nossa Senhora é co-redentora sendo Jesus o único redentor? (isto ficará para outro post), Porque é que uns invocam Nossa Senhora como «Santa Maria Maior (Sanfins do Douro, Alijó, Murça, Diocese de Vila Real) , da Saúde( São Lourenço, Lamego, Carvalhos) , da Piedade (Sanfins do Douro), da Graça (Mondim de Basto), da Cunha (Carlão, Alijó) , da Boa Morte(Pópulo), do Rosário (Sabrosa, Fátima), da Agonia Viana do Castelo)» e por aí afora. Haverá, porventura, tantas nossas senhora, rivalizando cada uma com a outra?

Nossa Senhora é só uma. É Aquela que conhecemos no Santo Evangelho, na Tradição e nas aparições em Lurdes e em Fátima e noutros lugares. Os diversos nomes advém das circunstâncias em que se invocam a Santíssima Mãe. Assim: todos aqueles que A invocaram na sua doença passaram a chamá-la como Nossa Senhora da Saúde porque, por sua intercessão, Deus restituiu-lhes a saúde. Os agonizantes invocavam-na em agonia e eram confortados, por isso em Viana do Castelo se chamou à imagem de Nossa Senhora da Dores de Nossa Senhora da Agonia porque Ela auxiliou os pescadores agonizantes e consolou as suas famílias quando, nas praias, viam os seus queridos filhos, pais, maridos a morrem em naufrágios. A Igreja chama-A de Auxílio dos Cristãos e isso deveu-se sobretudo à Grande Batalha de Lepanto que foi vencida graças à invocação do auxílio da Virgem através da reza do Rosário. Por vezes deu-se o nome da local à Santíssima Mãe do Redentor, assim, temos Nossa Senhora da Azinheira, Fátima, Lurdes, Tirana, etc. Mas há tantos outros títulos tão belos como Nossa Senhora do Sim para aqueles que sentiram o chamamento de Deus. Em Portugal, o Rei D. João IV consagrou-a Rainha de Portugal coroando-a em Vila Viçosa. Apartir desse dia os Reis dos Portugueses deixaram de usar coroa. Perante a corte inteira, o nosso ilustre rei proclamou:

“…assentamos de tomar por padroeira de Nossos Reinos e Senhorios, a Santíssima Virgem, Nossa Senhora da Conceição, na forma dos Breves do Santo Padre Urbano 8º, obrigando-me a aceitar a confirmação da Santa Sé Apostólica e lhe ofereço em meu nome e do príncipe D. Theodósio, e de todos os meus descendentes, sucessores, Reinos, Senhorios e Vassalos a Sua Santa Caza da Conceição sita em Vila Viçosa.”
Para que não restassem dúvidas relativamente à seriedade e perpetuidade do seu juramento acrescentou:

“…se alguma pessoa intentar contra esta nossa promessa, juramento e vassalagem, por este mesmo efeito, sendo vassalo, o havemos por não natural e queremos que seja logo lançado fora do Reino; se fôr Rei, haja a sua e nossa maldição e não se conte entre nossos descendentes, esperando que pelo mesmo Deus que nos deu o Reino e subiu à dignidade real, seja dela abatido e despojado.”


O dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo papa Pio IX em 8 de Dezembro de 1854, pela bula Ineffabilis, na qual confirmava
"eleição da Bem Aventurada Virgem Maria sob a invocação da Santíssima Conceição, como particular, única e singular Advogada e Protectora do Reino de Portugal". Orgulho pois saber que fomos os primeiros a reconhecer publicamente este dogma e por isso louvados pelo Papa.

Desde então que o dia 8 de Dezembro é feriado Nacional e celebrado em todo o País como o dia da Padroeira de Portugal.




Sem comentários:

Enviar um comentário